Aposto que os indignados de hoje, com as decisões dos accionistas da JM, serão mais ou menos os mesmos que se indignaram o outro dia com as palavras de Passos Coelho sobre oportunidades de trabalho para Professores nos PALOP's. Na indignação mais recente advoga-se a harmonização fiscal (pensam que assim se defende o Euro). Esta gente nem é capaz de perceber que quanto mais "harmonia" fiscal, mais emigração.
Pela minha parte já dei para o peditório da indignação. Aquilo que me indignou foram os anos a fio em que desbaratámos recursos, atirando facturas sobre facturas para o futuro. Aquilo que me indignou foram décadas da politica educativa completamente desajustada da realidade demográfica do nosso presente e futuro. Aquilo que me indignou foi a politica do quem vier a seguir que feche a porta. Sim, porque emigrantes individuais (como eu...) ou empresários em busca de melhores paragens, mais não são do que manifestações do resultado a que nos conduziu a cegueira colectiva e essa é bem anterior às indignações actuais.
Viking Days
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Julebryg (*)
DDD
Depois de há uns anos ter passado algum tempo a (con)viver com os (D)utch, e agora estar a (con)viver com os (D)anish, é para mim cada vez mais clara a importância, a influência, dos Alemães no norte da Europa. Na realidade o único país vizinho que históricamente conteve os (D)eutsche na sua expansão cultural, militar e agora económica foram os Franceses. O próprio Império Austro-Hungaro acabou por sucumbir, mas a Alemanha conseguiu sempre renascer das cinzas (veja-se o culminar do processo de reunificação e os resultados que está a produzir).
Mesmo assim um aspecto muito interessante de observar é a força e dinamismo destas sociedades vizinhas do gigante. Não parece que a pujança da sociedade germânica condicione a possibilidade de afirmação de países tão vulneráveis (aparentemente) como estes dois. Vale a pena tentar entender a estratégia de aceitação da ocupação nazi levada a cabo pelas populações ocupadas. Foi o que fiz visitando demoradamente museus sobre esse período. A impressão que fica é menos a de uma submissão a um poder na altura tido como invencível e mais uma capacidade de resistência (não militar) que finalmente se traduziu em autonomia efectiva durante bastante tempo, pelo menos até ao pré-colapso nazi no final da guerra.
Um argumento constantemente invocado para a decadência Portuguesa é "sermos um país pequeno", a "falta de mercado". Ora bem, aqui estão mais dois que também são "pequenos". Tal como nós, tiveram no passado muito mais território. Por aqui é tudo pequeno, mas não vejo isso ser usado a torto e a direito para se deixar de fazer o que quer que seja.
(isto é um tema a desenvolver mas agora a Pátria chama por mim!)
Mesmo assim um aspecto muito interessante de observar é a força e dinamismo destas sociedades vizinhas do gigante. Não parece que a pujança da sociedade germânica condicione a possibilidade de afirmação de países tão vulneráveis (aparentemente) como estes dois. Vale a pena tentar entender a estratégia de aceitação da ocupação nazi levada a cabo pelas populações ocupadas. Foi o que fiz visitando demoradamente museus sobre esse período. A impressão que fica é menos a de uma submissão a um poder na altura tido como invencível e mais uma capacidade de resistência (não militar) que finalmente se traduziu em autonomia efectiva durante bastante tempo, pelo menos até ao pré-colapso nazi no final da guerra.
Um argumento constantemente invocado para a decadência Portuguesa é "sermos um país pequeno", a "falta de mercado". Ora bem, aqui estão mais dois que também são "pequenos". Tal como nós, tiveram no passado muito mais território. Por aqui é tudo pequeno, mas não vejo isso ser usado a torto e a direito para se deixar de fazer o que quer que seja.
(isto é um tema a desenvolver mas agora a Pátria chama por mim!)
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
6:55
Já passou mais de metade do dia mais curto (*) na minha existência até agora. Com alguma ironia está um sol radioso. E acreditem, um sol radioso por aqui, nesta altura do ano, vale muito!
Ao procurar estas medidas pude finalmente esclarecer uma dúvida antiga relativa à distribuição de horas de dia pelas diferentes latitudes. Na realidade a distribuição é muito democrática, se considerarmos o total/média de horas no ano. Há uma ligeira vantagem nas latitudes mais perto dos polos (já se sabe que a terra não é rigorosamente esférica) mas nada de significativo:
Copenhagen 55.69 N 12.58 E Time Zone = UT + 1 h
Longest Day: 17:32:60 h Jun 21, Rise 02:24:48 UT, Set 19:57:48 UT
Earliest Sunrise: 02:24:34 UT Jun 18, Set 19:56:54 UT
Latest Sunrise: 07:39:09 UT Dec 29, Set 14:44:09 UT
Earliest Sunset: 14:36:55 UT Dec 15, Rise 07:32:18 UT
Year 2011 daylight hours = 4498.16 = 51.35 %
Year 2011 mean daylight hours = 12.32 h
Lisbon 38.71 N 9.19 W Time Zone = UT + 1 h
Longest Day: 14:53:01 h Jun 21, Rise 05:11:56 UT, Set 20:04:57 UT
Earliest Sunrise: 05:11:13 UT Jun 14, Set 20:02:44 UT
Latest Sunrise: 07:55:09 UT Jan 5, Set 17:29:23 UT
Earliest Sunset: 17:15:13 UT Dec 7, Rise 07:40:49 UT
Year 2011 daylight hours = 4454.34 = 50.85 %
Year 2011 mean daylight hours = 12.2 h
(retirado daqui)
* excluo os dias "anormais" de viagens intercontinentais
Ao procurar estas medidas pude finalmente esclarecer uma dúvida antiga relativa à distribuição de horas de dia pelas diferentes latitudes. Na realidade a distribuição é muito democrática, se considerarmos o total/média de horas no ano. Há uma ligeira vantagem nas latitudes mais perto dos polos (já se sabe que a terra não é rigorosamente esférica) mas nada de significativo:
Copenhagen 55.69 N 12.58 E Time Zone = UT + 1 h
Longest Day: 17:32:60 h Jun 21, Rise 02:24:48 UT, Set 19:57:48 UT
Earliest Sunrise: 02:24:34 UT Jun 18, Set 19:56:54 UT
Latest Sunrise: 07:39:09 UT Dec 29, Set 14:44:09 UT
Earliest Sunset: 14:36:55 UT Dec 15, Rise 07:32:18 UT
Year 2011 daylight hours = 4498.16 = 51.35 %
Year 2011 mean daylight hours = 12.32 h
Lisbon 38.71 N 9.19 W Time Zone = UT + 1 h
Longest Day: 14:53:01 h Jun 21, Rise 05:11:56 UT, Set 20:04:57 UT
Earliest Sunrise: 05:11:13 UT Jun 14, Set 20:02:44 UT
Latest Sunrise: 07:55:09 UT Jan 5, Set 17:29:23 UT
Earliest Sunset: 17:15:13 UT Dec 7, Rise 07:40:49 UT
Year 2011 daylight hours = 4454.34 = 50.85 %
Year 2011 mean daylight hours = 12.2 h
(retirado daqui)
* excluo os dias "anormais" de viagens intercontinentais
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Humor
Uma das primeiras caracteristicas que apanhei nos Dinamarqueses foi o sentido de humor. No primeiro dia de trabalho ao visitar as instalações sanitárias deparei-me com uma área comum com lavatórios. Existem então 2 portas de acesso a casinhas para elas e 2 portas para eles. Naturalmente comecei a frequentar uma das minha casinhas. Muito simples (aqui é tudo espartano e funcional), verifiquei que existia um cartaz por cima da sanita ao qual achei graça:
Como não sou particularmente brilhante em associação de ideias confesso que não atingi o significado da primeira frase, o que não me impediu de sorrir, claro. O tempo foi passando e, considerando que no escritório estas instalações servem umas dezenas de pessoas, fui constatando não ser difícil que durante o dia haja ocupação a 100% da metade das casinhas que nos pertencem. Comecei então a reparar que muita malta masculina entrava na casinha delas sem qualquer hesitação e, às tantas, lá fiz o mesmo. Foi então que percebi na sua plenitude o significado da primeira frase no cartaz acima. É que na casinha delas (igualzinha à nossa) também há um cartaz, mas o texto não é exactamente igual:
Um outro aspecto interessante nestes textos é a desigualdade de género. Repare-se que apenas os homens são visados. Senti-me claramente discriminado. Mas isso provavelmente dará para outro post um dia destes.
Como não sou particularmente brilhante em associação de ideias confesso que não atingi o significado da primeira frase, o que não me impediu de sorrir, claro. O tempo foi passando e, considerando que no escritório estas instalações servem umas dezenas de pessoas, fui constatando não ser difícil que durante o dia haja ocupação a 100% da metade das casinhas que nos pertencem. Comecei então a reparar que muita malta masculina entrava na casinha delas sem qualquer hesitação e, às tantas, lá fiz o mesmo. Foi então que percebi na sua plenitude o significado da primeira frase no cartaz acima. É que na casinha delas (igualzinha à nossa) também há um cartaz, mas o texto não é exactamente igual:
Um outro aspecto interessante nestes textos é a desigualdade de género. Repare-se que apenas os homens são visados. Senti-me claramente discriminado. Mas isso provavelmente dará para outro post um dia destes.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Begyndelsen
Começa aqui um registo de impressões, sensações e opiniões, de um emigrado Português em terras dinamarquesas. O tema, o motivo, é o país, as suas gentes, a sua cultura, ou pelo menos a minha leitura disso. Se me vou limitar a isso, provavelmente não, não vou.
Podemos começar já por um dos aspectos mais básicos. A lingua. É difícil, e a forma como é falada ainda a torna mais difícil. Mas já sei algumas coisinhas, daquelas que nos dizem logo e ficam. Tenho a vantagem de ter um colega de trabalho mesmo ao meu lado nascido aqui mas com uma vida quase toda em Inglaterra. É engraçado ver um homem de 60 anos maravilhado com o seu próprio processo de redescoberta da lingua que aprendeu e usou apenas até aos 10 anos. Se dúvidas existissem ele é a prova que o que aprendemos em pequenos fica muito bem arquivado e pronto a ser usado muito mais tarde. Sobretudo por contraste com o que (tentamos) aprender mais tarde. Bem, como é natural, passando tanto tempo com ele procuro tirar partido da sua fluência e a ele dá-lhe prazer partilhar o que sabe nessse domínio. Então um dos pormenores que já sei é que quando uma palavra termina em "en" isso tem o mesmo significado que "O" na lingua portuguesa. Esta conversa toda para explicar finalmente o título deste primeiro post: O Início.
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